Conteúdo Jurídico

1 de outubro de 2019

Alguns desafios da advocacia na “era 4.0”

A tradicional figura do advogado está enraizada no imaginário de, basicamente, toda a sociedade, isto é, ao se referir aos membros da profissão se faz uma associação automática àquele ser tradicional de fala rebuscada – quase incompreensível –, indumentária impecável – ou, até mesmo, inexplicável para um país de clima tropical – e postura inflexível.

Porém, é necessário reconhecer que a profissão e – claro – os seus profissionais estão passando pelas mais severas mudanças já experimentadas.

O ponto de partida para o início das mudanças substanciais tende a ser considerado como a disseminação dos computadores, ou seja, tem-se nesse momento o começo da implementação das grandes modificações na profissão; e, consequentemente, os advogados – por mais que não tenham percebido nitidamente – começam a se adaptar e a responder a tais transformações.

A partir de então, por exemplo, permite-se ao profissional responder de modo mais rápido às demandas, da mesma forma que se exige dele (e da profissão) esse tipo de resposta.

Outra modificação, mais recente, deu-se com a inserção de aplicativos de mensagens, cujas respostas se pretende que sejam imediatas e numa forma de comunicação completamente diferente das comumente empregadas; passa-se a exigir retornos instantâneos, didáticos, diretos e em linguagem (extremamente) simples – podendo-se substituir palavras por imagens, inclusive.

Contudo, as principais transformações ainda não foram objeto de uma abordagem muito detida. No plano corporativo, requer-se que o profissional se adapte de forma mais célere às mudanças da lei, à interdisciplinaridade dos ramos do próprio direito, ao contato com outras áreas que se comunicam com as atividades empresariais (como contabilidade, economia, controle de riscos, propaganda) e ao novo comportamento das próprias pessoas (como a forma de se falar, de se vestir, de se pensar e de se reagir aos estímulos).

Do outro lado, o desafio é compatibilizar a exigência de tantas mudanças à cultura que fornece os alicerces para o exercício da profissão, atentando-se para a necessidade de conformar tais transformações (principalmente) ao que se cobra pelo oferecimento dos seus serviços (com tais adaptações), num mercado que “sofre” com a disponibilização gratuita de informações e de simples serviços – basta se pensar nos inúmeros modelos de petições iniciais e roteiros de preenchimento de obrigações tributárias disponíveis na internet.

Enfim, num mundo de reações imediatas e poucas palavras, o desafio se transforma num verdadeiro teste para se afastar – ou não – as previsões de extinção da profissão.