Multiespecialidades: atividade do advogado vai além do Direito
Foi-se o tempo em que o advogado se especializava em uma área do Direito, focava os seus conhecimentos nela e, assim, alcançava, sem suporte outras especialidades, sucesso.
Na era digital, da internet das coisas, das criptomoedas e blockchain, salvo infrequentes exceções, uma única especialidade não basta, menos ainda quando se trata de atuação em litígios e controvérsias. Raramente se verá na atualidade uma solução eficaz ou um operador do Direito se sobressair ou, porque não dizer, ser disruptivo (palavra atualmente na moda) tendo apenas uma única e isolada especialidade.
O advogado, os escritórios de advocacia em geral, deparam-se com a necessidade de se reinventar (atualmente também na moda) para ocupar o espaço pretendido no mercado. Há pouco tempo ainda se falava que fulano era especialista em processo civil e, assim, ninguém melhor que ele para conduzir uma demanda judicial.
Hoje, por certo, em que pese a importância de um profundo conhecimento processual e de estratégias processuais (que podem trazer sucesso), os litígios vão muito além disso. As controvérsias atuais, solucionadas por complexas arbitragens ou ações judiciais, em grande parte das vezes não só envolvem diversas áreas do Direito, que sequer tinham contato direto cotidiano, como também, cada dia mais, envolvem outras especialidades, que não o Direito.
Advogados passam a depender de conhecimentos específicos em diversas áreas, como administração, contabilidade, finanças, economia, para mencionar apenas algumas, talvez as mais corriqueiras. Comumente se vê advogados estudando ou se capacitando também nessas áreas, bem como escritórios de advocacia contando de forma perene com a expertise de consultores não operadores do Direito, formando uma verdadeira corrente de “multiespecialidades”.
Desta forma, possibilita-se uma prestação de serviços jurídicos completa, eficaz e que realmente ajuda o cliente no desenvolvimento de seus negócios. Uma visão multidisciplinar (das áreas do Direito e conjugada com outras áreas afins) é imprescindível para conhecer o negócio do cliente e, com isso, viabilizar que o advogado verdadeiramente colabore com o core business. É o verdadeiro ‘know your client’, trazido para a prática jurídica.
Recentemente foi publicado um estudo acerca do desempenho de CEOs de diversas empresas, em e diferentes ramos de atividades, tendo-se chegado à conclusão de que CEOs advogados alcançaram um desempenho melhor. Uma das explicações é justamente o conhecimento que foi “obrigado” a adquirir das mais diversas áreas da empresa, que eram os seus clientes internos, e do Direito também.
Isso me faz lembrar do período em que exerci interinamente as funções de diretora jurídica em empresa de capital aberto. Uma verdadeira lição e acúmulo de especialidades: além do core business da empresa, tive contato com questões contábeis, societárias, comerciais, de governança, para mencionar as principais delas.
Os assuntos jurídicos muitas vezes apenas embasavam ou eram marginais. Minha visão do mundo empresarial mudou, amadureceu e passei a raciocinar com visão empresarial e não apenas jurídica.
E é essa visão e amplitude de especialidades que os advogados e escritórios de advocacia precisam. Não basta conhecer o Direito, temos que conhecer a empresa, as nuances do dia -a-dia das questões comerciais e da atividade empresarial como um todo. Isso não é tarefa apenas do jurídico interno, muito pelo contrário. Os advogados autônomos e escritórios de advocacia devem buscar esse conhecimento e sempre analisar a questão posta sob a perspectiva da empresa.
Daí a importância da “multiespecialidade”, nos autorizando a dizer, inclusive de nossa experiência prática, que a atividade do advogado vai além do Direito.
(*) – É sócia fundadora do FF Advogados, responsável pelas áreas de direito privado com foco em contratos, contencioso cível, arbitragem, imobiliário, família e sucessões (elisa.figueiredo@fflaw.com.br).
https://jornalempresasenegocios.com.br/images/edicoes/3872/pagina_05_ed_3872.pdf
[:en]Foi-se o tempo em que o advogado se especializava em uma área do Direito, focava os seus conhecimentos nela e, assim, alcançava, sem suporte outras especialidades, sucesso.
Na era digital, da internet das coisas, das criptomoedas e blockchain, salvo infrequentes exceções, uma única especialidade não basta, menos ainda quando se trata de atuação em litígios e controvérsias. Raramente se verá na atualidade uma solução eficaz ou um operador do Direito se sobressair ou, porque não dizer, ser disruptivo (palavra atualmente na moda) tendo apenas uma única e isolada especialidade.
O advogado, os escritórios de advocacia em geral, deparam-se com a necessidade de se reinventar (atualmente também na moda) para ocupar o espaço pretendido no mercado. Há pouco tempo ainda se falava que fulano era especialista em processo civil e, assim, ninguém melhor que ele para conduzir uma demanda judicial.
Hoje, por certo, em que pese a importância de um profundo conhecimento processual e de estratégias processuais (que podem trazer sucesso), os litígios vão muito além disso. As controvérsias atuais, solucionadas por complexas arbitragens ou ações judiciais, em grande parte das vezes não só envolvem diversas áreas do Direito, que sequer tinham contato direto cotidiano, como também, cada dia mais, envolvem outras especialidades, que não o Direito.
Advogados passam a depender de conhecimentos específicos em diversas áreas, como administração, contabilidade, finanças, economia, para mencionar apenas algumas, talvez as mais corriqueiras. Comumente se vê advogados estudando ou se capacitando também nessas áreas, bem como escritórios de advocacia contando de forma perene com a expertise de consultores não operadores do Direito, formando uma verdadeira corrente de “multiespecialidades”.
Desta forma, possibilita-se uma prestação de serviços jurídicos completa, eficaz e que realmente ajuda o cliente no desenvolvimento de seus negócios. Uma visão multidisciplinar (das áreas do Direito e conjugada com outras áreas afins) é imprescindível para conhecer o negócio do cliente e, com isso, viabilizar que o advogado verdadeiramente colabore com o core business. É o verdadeiro ‘know your client’, trazido para a prática jurídica.
Recentemente foi publicado um estudo acerca do desempenho de CEOs de diversas empresas, em e diferentes ramos de atividades, tendo-se chegado à conclusão de que CEOs advogados alcançaram um desempenho melhor. Uma das explicações é justamente o conhecimento que foi “obrigado” a adquirir das mais diversas áreas da empresa, que eram os seus clientes internos, e do Direito também.
Isso me faz lembrar do período em que exerci interinamente as funções de diretora jurídica em empresa de capital aberto. Uma verdadeira lição e acúmulo de especialidades: além do core business da empresa, tive contato com questões contábeis, societárias, comerciais, de governança, para mencionar as principais delas.
Os assuntos jurídicos muitas vezes apenas embasavam ou eram marginais. Minha visão do mundo empresarial mudou, amadureceu e passei a raciocinar com visão empresarial e não apenas jurídica.
E é essa visão e amplitude de especialidades que os advogados e escritórios de advocacia precisam. Não basta conhecer o Direito, temos que conhecer a empresa, as nuances do dia -a-dia das questões comerciais e da atividade empresarial como um todo. Isso não é tarefa apenas do jurídico interno, muito pelo contrário. Os advogados autônomos e escritórios de advocacia devem buscar esse conhecimento e sempre analisar a questão posta sob a perspectiva da empresa.
Daí a importância da “multiespecialidade”, nos autorizando a dizer, inclusive de nossa experiência prática, que a atividade do advogado vai além do Direito.
(*) – É sócia fundadora do FF Advogados, responsável pelas áreas de direito privado com foco em contratos, contencioso cível, arbitragem, imobiliário, família e sucessões (elisa.figueiredo@fflaw.com.br).
https://jornalempresasenegocios.com.br/images/edicoes/3872/pagina_05_ed_3872.pdf[:es]Foi-se o tempo em que o advogado se especializava em uma área do Direito, focava os seus conhecimentos nela e, assim, alcançava, sem suporte outras especialidades, sucesso.
Na era digital, da internet das coisas, das criptomoedas e blockchain, salvo infrequentes exceções, uma única especialidade não basta, menos ainda quando se trata de atuação em litígios e controvérsias. Raramente se verá na atualidade uma solução eficaz ou um operador do Direito se sobressair ou, porque não dizer, ser disruptivo (palavra atualmente na moda) tendo apenas uma única e isolada especialidade.
O advogado, os escritórios de advocacia em geral, deparam-se com a necessidade de se reinventar (atualmente também na moda) para ocupar o espaço pretendido no mercado. Há pouco tempo ainda se falava que fulano era especialista em processo civil e, assim, ninguém melhor que ele para conduzir uma demanda judicial.
Hoje, por certo, em que pese a importância de um profundo conhecimento processual e de estratégias processuais (que podem trazer sucesso), os litígios vão muito além disso. As controvérsias atuais, solucionadas por complexas arbitragens ou ações judiciais, em grande parte das vezes não só envolvem diversas áreas do Direito, que sequer tinham contato direto cotidiano, como também, cada dia mais, envolvem outras especialidades, que não o Direito.
Advogados passam a depender de conhecimentos específicos em diversas áreas, como administração, contabilidade, finanças, economia, para mencionar apenas algumas, talvez as mais corriqueiras. Comumente se vê advogados estudando ou se capacitando também nessas áreas, bem como escritórios de advocacia contando de forma perene com a expertise de consultores não operadores do Direito, formando uma verdadeira corrente de “multiespecialidades”.
Desta forma, possibilita-se uma prestação de serviços jurídicos completa, eficaz e que realmente ajuda o cliente no desenvolvimento de seus negócios. Uma visão multidisciplinar (das áreas do Direito e conjugada com outras áreas afins) é imprescindível para conhecer o negócio do cliente e, com isso, viabilizar que o advogado verdadeiramente colabore com o core business. É o verdadeiro ‘know your client’, trazido para a prática jurídica.
Recentemente foi publicado um estudo acerca do desempenho de CEOs de diversas empresas, em e diferentes ramos de atividades, tendo-se chegado à conclusão de que CEOs advogados alcançaram um desempenho melhor. Uma das explicações é justamente o conhecimento que foi “obrigado” a adquirir das mais diversas áreas da empresa, que eram os seus clientes internos, e do Direito também.
Isso me faz lembrar do período em que exerci interinamente as funções de diretora jurídica em empresa de capital aberto. Uma verdadeira lição e acúmulo de especialidades: além do core business da empresa, tive contato com questões contábeis, societárias, comerciais, de governança, para mencionar as principais delas.
Os assuntos jurídicos muitas vezes apenas embasavam ou eram marginais. Minha visão do mundo empresarial mudou, amadureceu e passei a raciocinar com visão empresarial e não apenas jurídica.
E é essa visão e amplitude de especialidades que os advogados e escritórios de advocacia precisam. Não basta conhecer o Direito, temos que conhecer a empresa, as nuances do dia -a-dia das questões comerciais e da atividade empresarial como um todo. Isso não é tarefa apenas do jurídico interno, muito pelo contrário. Os advogados autônomos e escritórios de advocacia devem buscar esse conhecimento e sempre analisar a questão posta sob a perspectiva da empresa.
Daí a importância da “multiespecialidade”, nos autorizando a dizer, inclusive de nossa experiência prática, que a atividade do advogado vai além do Direito.
(*) – É sócia fundadora do FF Advogados, responsável pelas áreas de direito privado com foco em contratos, contencioso cível, arbitragem, imobiliário, família e sucessões (elisa.figueiredo@fflaw.com.br).
https://jornalempresasenegocios.com.br/images/edicoes/3872/pagina_05_ed_3872.pdf